segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Fim e Princípio

“Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio” Eclesiastes 7.8

O fim de ano traz consigo a mística da renovação, da oportunidade de fazer novas coisas e coisas novas. Carrega a esperança de que aquilo que não foi bom nesse ano será no próximo. Ainda que psicologicamente, traz a sensação de que tenho forças novamente para mudar situações, melhorar relacionamentos, aprimorar minha vida espiritual.

No entanto, às vezes passasse ano após ano, sem que essas mudanças realmente se concretizem. Não raro, muitas coisas que consideramos importantes em nossas vidas se deterioram com o tempo. Nossos relacionamentos esfriam, nossa vida espiritual deteriora (e achamos que é a perda do “primeiro amor”), nossas emoções chegam a níveis preocupantes, trazendo consigo estresse e depressão.

Salomão nos convida a olhar para trás, antes de olhar para frente. O que planejamos no início deste ano que não deu certo? O que prometemos e não cumprimos? Quais expectativas não foram supridas? E o mais importante, por quê?

Antes de renovar suas expectativas, suas promessas, suas proposições para o novo ano, faça uma reflexão sobre o ano que se passou. Avalie suas conquistas e também suas perdas. Encontre os motivos por trás de cada uma delas. Avalie suas motivações em fazer ou deixar de fazer. Sobretudo, analise as Obras de Deus em sua vida esse ano. Pode ser que algumas coisas não deram certas porque não eram da Sua Soberana vontade, e outras porque você não buscou Sua vontade em primeiro lugar.

Então, renove suas esperanças e faça do próximo ano um ano melhor!

Pr. Matheus Abrahão
 — em Igreja Betânia

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Convertidos a Cristo ou ao Céu?

Rm 8.1 – “Agora pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”


          Falar sobre motivações é algo extremamente difícil em alguns casos, como o da conversão. Isso porque várias são as circunstâncias que nos levam a tomar as decisões que tomamos.


          Muitas vezes, um dos argumentos que leva uma pessoas a pensar um pouco mais sobre Deus, é a possibilidade de passar uma eternidade no inferno. E há algumas pessoas que passam parte da vida (ou até mesmo toda ela) na igreja, ou seguindo algum preceito religioso com medo de ir para o inferno caso falhem em alguma coisa.

          Com freqüência, quando ensino sobre alguma coisa escuto perguntas como “se não fizer isso vou para o inferno?” ou “conheço alguém que não viveu assim, ela foi para o inferno”. Assim, muitas vezes o medo é a mais forte motivação para fazer ou deixar de fazer algo quando o assunto é Bíblia.

          No entanto, não vemos esse tipo de sentimento sendo estimulado na Bíblia, pelo contrário, o sentimento é sempre o de encorajamento, de Amor, de estímulos ao louvor e adoração a Deus.

          A Bíblia é muito clara em afirmar que Deus não deseja que ninguém vá para o inferno, que foi criado para o diabo e seus anjos. Mas também é clara em afirmar sua existência e realidade.

          Assim, a pergunta é: Você se converteu a Cristo ou ao Céu? Quero dizer, você se converteu às verdades ensinada por Cristo e sua motivação é Amá-Lo e Adorá-Lo por quem ele é e faz, ou sua motivação é escapar do inferno?

          No texto que citei acima, Paulo desenvolve um raciocínio onde mostra que o salvo não precisa ter medo, a julgar pelo final do capítulo, de absolutamente nada, porque nada pode nos separar do Amor de Deus, em Cristo Jesus.

          Nosso chamado não é para nos convertermos a um lugar, mas a uma pessoa, Jesus. É preciso verificar interiormente quais as motivações te fazem trilhar o caminho da salvação.

          Medo do inferno fará com que você ofereça o mínimo necessário para sua salvação, adoração a Deus fará com que você dê o seu máximo; medo do inferno fará com que seus pensamentos sejam sempre de “isso leva pro inferno?”, Amor a Deus fará você pensar “Deus ficará feliz ou triste com essa atitude?”; medo do inferno te leva a uma vida de inseguranças e incertezas, compreensão de Deus te leva a uma vida da segurança que diz: “ainda que eu ande no vale da sombra da morte, não temerei...”; medo do inferno faz com que o simples pensamento de estar lá te cause calafrios, confiança em Deus te faz declarar “se faço a minha cama no Sheol ( traduzida em nossas bíblias como abismo, mas uma referência ao infernos) ali estás também”;

          O medo do inferno te leva para o inferno, porque “o verdadeiro Amor lança fora todo medo” e Deus não quer ter alguém eternamente consigo apenas porque lá é o lugar menos pior para se estar, mas porque não há outra pessoa a se adorar, senão o próprio Deus.

          Essa reflexão serve para que você olhe para dentro por um momento. E se você encontrar em si o medo, não entre em pânico e tenha “medo do medo”, mas busque compreender o evangelho de Cristo verdadeiramente, e você descobrirá que a partir dessa consciência os sentimentos que surgirão em você serão os melhores possíveis. Amor, Alegria, Paz, Benignidade, Bondade, Longanimidade, Fidelidade, Mansidão, Domínio Próprio, e outros sentimentos semelhantes é só o que você experimentará a partir de então.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Raiz de Amargura


Texto: Hebreus 12:14-17

"Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da Graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a benção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado."

Normalmente quando lemos a Bíblia, já lemos com conceitos pré-determinados relacionados a doutrinas, ou significado de conceitos ou palavras. Assim, quando fazemos uma leitura sem questionarmos o que estamos lendo em seu real significado, aplicamos nosso entendimento e com base nisto, definimos o que cremos e como vivemos.

Além disso, muita coisa que acreditamos nos foi dito ou ensinado por alguém que confiamos, mas poucas coisas são verificadas à luz das escrituras, seja devido à idéia de que ler a Bíblia é difícil, ou ainda pela preguiça que os cristãos hoje tem de estudar a Bíblia. É sabido, devido às várias pesquisas da SBB que pouquíssimos cristãos lêem a Bíblia. Outro dia vi uma pesquisa que apenas 51% dos pastores leram a Bíblia toda. Se imaginarmos que muitos devem ter tido vergonha de dizer que não leram, podemos imaginar que esse número é maior. Imagina como fica isso relacionado com os Cristãos comuns.

Mais um problema! Devido ao sentimento antinomista que existe dentro da Igreja, ou seja, de que o Antigo Testamento perdeu seu valor e agora devemos viver única e exclusivamente voltados para o Novo Testamento, muitas vezes as pessoas ao ler o Novo Testamento deparam-se com passagens que são referências diretas ao Antigo Testamento, mas como não leram ou não prestaram atenção, começam a dar suas próprias interpretações pessoais sobre o assunto. É o caso dessa passagem.

Passei muito tempo da minha vida cristã acreditando em duas coisas erradas, que foram corrigidas de uma vez quando estudei a passagem que transcrevi acima. A primeira crença que tinha era a de que a expressão "raiz de amargura" significava algo relacionado com mágoa, rancor, normalmente gerada por falta de perdão que "amargurava" a pessoa. Claro que esse entendimento é razoável, em vista do significado da palavra amargura hoje, sempre relacionado com algo próxima a depressão.

A segunda crença era que caso uma pessoa se convertesse ao Senhor Jesus e posteriormente se afastasse do caminho, voltando a suas antigas práticas, caso estivesse no leito de morte, poderia se arrepender de tudo e ser salvo. Assim, já ouvi algumas pessoas, em tom jocoso, afirmarem que vão viver um pouco à sua própria maneira, e depois se voltarão para Deus, certamente com a intenção de não irem pro inferno.

As passagens do livro de Hebreus que dizem que não há perdão ou lugar de arrependimento (são três ao todo, nos capítulos 6, 10 e 12) sempre me incomodaram, por contrastar com a idéia cristã de perdão incondicional e à vontade. Também idéia de que a blasfêmia contra o Espírito Santo seria o único pecado sem perdão, o pecado imperdoável ou o pecado para a morte, me fazia entender que o resto tinha sempre e quanto quisesse.

No entanto, lendo a passagem de Deuteronômio que vou descrever abaixo, entendi as implicações do texto de Hebreus. Diz assim Deuteronômio 29:18-20:
"...para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga, ninguém que, ouvindo as palavras dessa maldição, se abençoe no seu íntimo, dizendo: 'Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para acrescentar à sede a bebedice'. O SENHOR não lhe quererá perdoar; antes, fumegará a ira do SENHOR e o seu zelo sobre tal homem, e toda a maldição escrita neste livro jazerá sobre ele; e o SENHOR lhe apagará o nome de debaixo do céu."

Analisando a passagem que o Autor do livro de Hebreus tinha em mente, observamos uma advertência expressa, que o SENHOR não quer perdoar determinadas atitudes. Quais? As atitudes de agir segundo sua própria perversidade, segundo seu próprio conselho, e acreditar que será salvo pela "Graça", entendendo que pode pecar a vontade que depois é só pedir perdão, essa é chamada por Moisés de "raiz que produz erva venenosa e amarga", a Raiz de Amargura que o escritor de Hebreus alude.

Raiz de Amargura não tem nenhum significado relacionado com mágoa, angústia, ou rancor gerado por falta de perdão ao próximo, mas significa o padrão de pensamento que posso pecar e depois é só pedir perdão que Deus me perdoa.

É importante notar que em Hebreus temos uma advertência sobre cuidar para não se separar da Graça de Deus. A Graça de Deus é ampla e suficiente para perdoar os pecados do homem, quantas vezes forem necessárias e o mesmo pecado se repetido várias vezes. Mas a idéia de "passar a perna" em Deus, muitas vezes ocorre na mente de alguns Cristãos. A idéia mesmo que camuflada de, "ah, vou cometer esse pecado um pouco, porque só vou ter essa oportunidade, mas depois me arrependo" "vou participar desse negócio escuso, desse furto aqui na empresa, mas depois que não tiver mais essa oportunidade eu arrependo", ou ainda " vou viver na igreja mas também no pecado, e quando estiver perto da morte, no leito de morte, peço perdão e serei perdoado".

Esse pensamento é maligno e satânico, porque tem levado muitas pessoas pro inferno, que com essa filosofia muitas vezes morrem até sem culpa, já que essa é subjacente, depende de conceitos que cada um possui, mas tem uma grande surpresa do outro lado. A Bíblia relata muitas passagens onde as pessoas encontram Jesus do outro lado e dizem "Senhor, curei as pessoas, expulsei os demônios, fiz milagres em Seu nome", mas ouvirão de Jesus "nunca conheci vocês, não sei quem são". É grande o número de pessoas que morrem baseadas em uma falsa crença de salvação, em um conceito libertino da Graça de Deus.

O perdão de Deus é oferecido de Graça a todos, mas de Deus não se zomba. O Autor de Hebreus termina a passagem que citamos com um exemplo de Esaú, que buscou perdão com lágrimas, mas foi rejeitado, porque adotou esse padrão de comportamento.

De fato o alerta de Hebreus é real e atual. Cuide, com diligência, para que não seja separado da Graça de Deus, porque isso pode acontecer. E, acontecendo, todos os seus benefícios, inclusive o perdão, são retirados.

Se você está vivendo assim em alguma área de sua vida, pare. Humilhe-se diante de Deus, peça perdão, arrependa-se enquanto você ainda pode pecar e escolher parar de pecar, por Amor a Deus, por arrependimento sincero, não por medo do inferno a beira da morte, quando essa realidade se torna nítida ao moribundo. Não chegue a esse nível, para que a Graça de Deus superabunde em sua vida, nos pecados que você já cometeu, sem essa malícia diabólica de enganar a Deus, de aproveitar essa vida ímpia e depois invocar a cláusula da Graça diante do tribunal divino, porque "horrível coisa é cair nas mãos do Deus Vivo".